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Foto do escritorEstela Takahachi

20 cases de inovação em logística e supply chain

Atualizado: 15 de mar. de 2021


Esse ano, as empresas tiveram que inovar e se reinventar devido ao contexto pandêmico não previsto e a todas as mudanças de negócio que ele trouxe.


Não somente os negócios se reinventaram, os profissionais de logística e supply chain ganharam relevância e participaram da criação e implementação de novas soluções.


Organizamos nesse artigo 20 cases de inovação em logística e supply chain que representam as diferentes soluções mais citadas em 2020.


A discussão de cases é parte importante do processo de aprendizado e de criação de novas soluções, gerando referências para a evolução do tema e apoio às tomadas de decisão.


A figura 1 ilustra os cases mapeados de forma agrupada por tema e o texto a seguir contém breve resumo sobre cada solução.



1. Adidas


A Adidas, umas das marcas globais de moda esportiva, otimizou sua complexa cadeia de suprimentos através da automatização de processos no novo edifício sede da empresa nomeado como Halftime em Herzogenaurach na Alemanha.


A automatização foi realizada através da digitalização de processos através dos quais a Adidas consegue fabricar sob demanda produtos personalizados. Isso é possível porque na fábrica da empresa (a Speedfactory) são concentrados todos os componentes enviados pelos fornecedores para que os produtos sejam produzidos usando principalmente impressão 3D e a robótica.


Isso vai de encontro à tendência de aumento da demanda por produtos e serviços personalizados, o que inclui não somente a personalização do produto em si mas também de como o produto deverá ser entregue e onde será armazenado.


O objetivo desta solução foi reduzir os excessos e desperdícios na cadeia produtiva e custos de armazenamento e envio, além de viabilizar personalização massiva de produtos, situação que seria muito complexa e custosa sem processos digitais, automatizações e automações.





2. Ambev


Várias matérias desse ano discutiram a eficiência do aplicativo Zé Delivery da Ambev (que entrega cerveja gelada a preço de supermercados em até 60 minutos) e o quanto a sua implementação antes da pandemia foi uma decisão muito favorável para a empresa, visto que no segundo trimestre de 2020 o serviço via aplicativo registrou 5,5 milhões de pedidos, sendo 3,6 vezes mais que o total de pedidos efetuados no ano de 2019 inteiro.


Essa foi uma solução de logística voltada para entregas last mile que virou um serviço de destaque para as vendas da empresa.

Outro destaque da Ambev na frente de inovação, não foi relacionado a logística mas sim a sustentabilidade de sua cadeia de suprimentos através da recente aquisição da startup Lemon. A Lemon desenvolveu um processo baseado em tecnologia onde bares e restaurantes passam a consumir energia de fontes limpas. Através da conexão da Lemon com usinas de energia limpa (como as de fonte solar ou eólica) a grandes distribuidores, gerando créditos a serem descontados na conta da carteira de empresas da startup. Com a Ambev, a ideia é expandir o range de atuação em 2021 bem como fechar acordos com mais distribuidores de energia.


Essa ação, além de trazer melhorias ambientais, cria vínculos mais fortes entre a empresa e seus distribuidores, aumento dos níveis de engajamento e fidelização.


3. Americanas (B2W)


Americanas, empresa do grupo B2W, passou a utilizar esse ano o chamado live commerce, que consiste em divulgar ao vivo os produtos para, com isso, estimular as vendas. Esta é uma estratégia muito bem aplicada na China com grandes resultados nas vendas através do uso de influencers contratados por grandes marcas, inclusive pelo Taobao do Alibaba. Esse tipo de estratégia está em pauta em diversas localidades do globo, tendo sido lançado nos Estados Unidos, por exemplo, o aplicativo Spin Live, um marketplace só de live commerce.


Nesse tipo de estratégia de venda, a demanda é fortemente impactada pelo engajamento e visualização da live, e informação pode ser acompanhada em tempo real disparando predições de demanda e processos da cadeia de suprimentos e logística.


Focando no last mile, a Americanas criou a chamada "Entrega na Vizinhança", uma frente criada para impulsionar as vendas dos pequenos e médios comerciantes que fazem parte do B2W Marketplace. Quando cliente faz login no marketplace os produtos de lojistas parceiros aparecem em uma vitrine especial com os itens que são entregues no mesmo dia, com base na informação do CEP do cliente. O last mile fica a cargo da Ame Flash, do próprio lojista ou do cliente.


Esse ano o serviço logístico de entrega rápida associado às vendas online ganhou destaque durante a pandemia e passou a ser visto como um diferencial competitivo dado que para parte dos novos compradores digitais o tempo de entrega é fator decisivo para compra.






4. Arezzo&Co


Através da combinação de técnicas de ciência de dados com machine learning, a Arezzo&Co com suas lojas fechadas e vendas voltadas ao e-commerce, buscou melhorar e personalizar a experiência de compra do usuário, proporcionando ao visitante do site uma forma de ele encontrar produtos que estaria disposto a adquirir de acordo com seus hábitos de compra.


Com foco nas vendas online, a empresa lançou a ZZMall, um marketplace que centraliza todas as sete marcas da empresa em um único local, incluindo a Vans, empresa americana a qual a Arezzo&Co distribui exclusivamente no Brasil.


A implementação da plataforma de marketplace faz parte do plano de digitalização da empresa que traz o desafio de entregas para o dia seguinte na cidade de São Paulo. A plataforma possui parceiros de vestuário, jóias, relógios, acessórios de decoração para casa e etc.


A plataforma prevê ainda serviços de consertos de bolsas, além de conteúdos de moda, decoração e outros.


Uma das aplicações de machine learning foi a criação de um algoritmo capaz de descrever melhor as características dos sapatos viabilizando assim uma melhor predição das possibilidades de compra de cada pessoa, podendo assim direcionar adequadamente as opções a cada cliente durante sua experiência no site. A ideia é que com a tecnologia baseada em nuvem, através dos insights fornecidos, será possível otimizar o estoque em um ambiente omnichannel por meio de previsões de demanda locais.




5. Drones: Azul Cargo / iFood / WalMart (EUA) / Amazon (EUA)

A Azul, empresa aérea brasileira, está em negociações e testes com a Speedbird Aero para desenvolverem juntas processos de entregas através de drone, sendo que a Speedbird Aero entraria com a tecnologia e a Azul Cargo com a inteligência logística.


Enquanto a aplicação do drone não ganha escala, a empresa começou a instalar caixas de retirada de encomendas, conhecidas como parcel lockers ou smart lockers (ou armários inteligentes) em mercados e postos de gasolina. O uso do drone e de smart lockers buscam reduzir o custo de transporte last mile e aumentar a flexibilidade.


No Brasil, outra empresa que está testando a aplicação de drones para entregas last mile é o iFood. A priori, a ideia não é realizar a entrega na casa do consumidor com o drone e sim transportar produtos de um ponto de concentração a outro evitando utilizar as motos, bicicletas e patinetes para realizarem trechos longos de transporte. Dessa forma o uso do drone otimizaria as viagens dos entregadores que, normalmente, não querem percorrer trechos longos para realizar uma entrega e sim realizar o máximo de entregas possível no dia.


A empresa realizou a primeira entrega em Campinas via drone desenvolvido pela brasileira Speedbird, tendo como objetivo diminuir para 2 minutos uma entrega que levaria 12 minutos se entregue exclusivamente por motoboy


Nos Estados Unidos o WalMart também começou os testes de entregas via drone. Para tanto, recrutou a Flytrex que já que possui equipamentos capazes de atingir a velocidade máxima de 51 km/h a até 70 metros de altura, e transportam cargas com até 3 kg a uma distância máxima de 5,5 km.


A Amazon também já recebeu autorização para operar com drones nos Estados Unidos e promete fabricar seus próprios drones, que carregam 2,26 quilos e sobrevoam uma distância máxima de 24km.


6. BRMalls e Ancar Ivanhoe


Um dos temas discutidos esse ano de forma mais aberta esteve relacionado ao futuro dos shoppings centers, sendo indicada a tendência de eles agregarem a função de HUB logísticos, segundo a própria percepção dos dirigentes da BRMalls. Com investimentos já adicionados em seus 29 prédios pelo país para o combate do coronavírus como câmeras com sensor infravermelho para checagem de temperatura corporal e monitoramento de clientes por wifi de seus celulares para evitar aglomerações nos corredores, a tendência também será facilitar a venda digital e a entrega do produto direto ao cliente.


Nesse contexto, os shopping centers tem trabalhado na criação de marketplaces e própria logística de entrega, bem como opções de retirada via drive thru, de smart lockers ou pontos de retirada.

Pertencente do Cubo, o polo de empreendedorismo do Itaú e Redpoint, desde 2018, a BRMall vinha "convertendo" lojistas a desenvolverem projetos pilotos com as startups do Cubo, incluindo a digitalização das vendas e o equilíbrio do online com o offline e o uso do próprio marketplace, implementado de forma antecipada em 2020 como tentativa de contornar a crise provocada pela pandemia, além do uso do Google para realização de pedidos de refeições.


A administradora de shoppings Ancar Ivanhoe começou a adotar estratégias de vendas com marketplaces como a Amazon, já considerando que no pós pandemia muitos clientes continuarão a comprar online.



7. Bunge


A Bunge em matéria a Mundo Logística apresentou os benefícios que a empresa passou a colher ao digitalizar a contratação dos fretes, medida que faz parte do processo de transformação digital da empresa.


Através de um aplicativo, os motoristas selecionam o frete e agendam o carregamento sem a necessidade de comparecerem presencialmente em uma das filiais da Bunge para retirar a ordem de carregamento, já que este passa a ser digital e confirmada no momento da escolha pelo motorista. Um grande diferencial da ferramenta é estar totalmente integrada ao sistema operacional da Bunge incluindo as unidades produtoras de grãos que são os destinos para os quais os motoristas deverão se deslocar para efetuarem o carregamento.


Com foco em facilitar/estreitar o relacionamento da empresa com seus parceiros dentro da cadeia de suprimentos, a Bunge possui implementadas ferramentas para auxiliar produtores rurais na identificação de áreas com menor risco socioambiental para expansão agrícola e também para a comercialização global de commodities por meio de tecnologias como o blockchain.


8. Carrefour


O grupo francês já tinha lançado a sua estratégia de digitalização em 2018 tendo o ano de 2022 como target. Com a pandemia os passos dessa estratégia foram adiantados, tendo no Brasil, a oportunidade de poder contar com os insights das filiais europeias e asiáticas, que já tinham passado pela dinâmica da primeira onda da pandemia.

Segundo a Abralog, o relatório do Credit Suisse e análises da BTG Pactual, o e-commerce do Carrefour já se aproximava do seu break-even point neste período e que 60% das vendas surgiram de novos clientes.

Outra marca do grupo, o Atacadão, lançou a operação em comércio eletrônico por meio de marketplace e assim como a marca principal, vem atuando junto com aplicativos como Cornershop e Rappi.


9. Coca Cola EUA


A CONA - Coke One North America, empresa da plataforma de tecnologia da Coca-Cola nos Estados Unidos, indicou o uso Baseline Protocol (Protocolo de Linha de Base) em parceria com empresas de DLT ("distributed ledger technology" ou em português, "tecnologia de registro distribuído") bem como os membros fundadores da Baseline Protocol, Unibright e Provide, para aumentar a transparência e reduzir o atrito nas transações da cadeia de suprimentos entre organizações, criando transações otimizadas entre fornecedores e engarrafadores através de um “porto de engarrafamento da Coca-Cola”.

As DLTs aumentam significativamente a eficiência dos processos de negócios e dão suporte a muitos setores em sua transformação digital já que transformam a maneira como os dados são armazenados, gerenciados e compartilhados.

As 12 maiores engarrafadoras da Coca-Cola nos Estados Unidos já começaram a usar a tecnologia blockchain baseada em Hyperledger Fabric em sua cadeia de suprimentos desde 2019 e, com isso, o CONA visa expandir o uso da DLT além de sua rede interna para incorporar fornecedores externos, como fornecedores de matéria-prima que distribuem latas e garrafas.

10. Heineken


Em matéria da NeoFeed15 foi anunciada a criação, no começo de Setembro, de uma vice-presidência digital para acelerar projetos e trazer a marca no relacionamento direto com seus clientes e fornecedores. Como parte da estratégia global de ser a cervejaria mais conectada do mundo, na filial brasileira foi colocado em prática a transformação da área de tecnologia abrangendo um escopo diferenciado para desenvolver estratégias para aceleração da transformação digital e mitigar resultados negativos como aqueles apresentados no primeiro semestre de 2020 onde recuou 18% em receitas globais. Com a estratégia digital da empresa holandesa, alguns projetos nesta linha que já estavam implementados desde 2019 serão ainda mais acelerados como o Heishop, um aplicativo online de compras para os clientes como pequenos bares e restaurantes, que até então só funcionava para São Paulo, agora poderá ser utilizado em outros estados brasileiros. A ideia é também criar um canal direto ao consumidor final ampliando e melhorando o relacionamento da empresa dentro de sua cadeia de suprimentos.



11. Hortifruti Natural da Terra

Com 100% das ações adquirido pelo fundo suíço Partners Group desde 2017, a rede de hortifrutigranjeiros inaugurou em Julho a loja modelo em São Paulo com o conceito de abastecimento de produtos oriundos do campo às prateleiras em até 24 horas e duas vezes ao dia. A loja modelo possui serviços exclusivos como: seção de empório à granel; compra online e retirada no local no mesmo dia; ponto de coleta de resíduos, vinculação com aplicativos de compras e entregas, além de serviços via whatsapp para o perímetro. Todos serviços que impactam diretamente na operação logística da empresa. Além disso, em Maio inaugurou uma dark store na zona norte de São Paulo e outra no Rio de Janeiro. As dark stores são unidades exclusivas para distribuição de mercadorias vendidas online e conforme matéria da SA Varejo, o investimento da Hortifruti neste modelo de negócio representa cerca de 5% do montante desembolsado para inaugurar um ponto de venda convencional aberto ao público. Antes da pandemia as vendas online representavam no máximo 2% do faturamento mensal da empresa e durante o aumento do isolamento físico causado pela pandemia, as vendas online chegou a bater em 27% de representatividade, estabilizando em 20% conforme levantado por Thiago Picolo, presidente da Hortifruti Natural da Terra. Para a implementação desta loja, que será uma das lojas neste modelo, o relatório de Sustentabilidade 2019 Hortifruti Natural da Terra destaca que a empresa acabou realizando mudanças na sua operação logística como a terceirização de parte da frota interestadual, concentrou geograficamente os fornecedores para encurtar deslocamentos, aumentou o volume transportado e da área de estoque e aderiu ao programa RAMA - Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos da ABRAS, a Associação Brasileira de Supermercados para melhorar o gerenciamento e monitoramento da cadeia de produção de frutas, legumes e verduras. Segundo o mesmo relatório, as mudanças garantiram 10,8% de redução de emissão de CO2.

12. iFood

Em janeiro de 2020 muitos veículos de informação anunciaram que a iFood, foodtech líder do mercado, adquiriu a startup Hekima de inteligência artificial com o intuito de tornar a empresa líder em inteligência artificial na América Latina de forma que seja possível, cada vez mais, entender os seus clientes no que tange a suas características e preferências. O vice-presidente de inovação, Bruno Henriques, disse que a empresa está “transformando a alimentação. Há pouco tempo, o delivery era feito por linha telefônica e no futuro, vai ser tão prático e a logística, tão boa, que as pessoas vão questionar se vale a pena ter cozinha em casa. Para isso, precisamos conhecer o cliente no detalhe”. A Hekima desenvolve e aplica tecnologias de computação cognitiva, transformando dados em informação que auxiliam na melhora da performance dos negócios. Solução desenvolvida totalmente com base no conceito customer centric, ou seja, centrado no cliente. A aquisição veio em boa hora já que nos últimos meses de pandemia, o número de pedidos feitos em sua plataforma de delivery aumentaram expressivamente, chegando a 39 milhões de pedidos mensais, o que representa 32% acima do que no mesmo período do ano anterior.


Os já conhecidos picos de atendimentos ocasionados por conta de horários de refeições são também aprimorados com o uso de inteligência artificial, machine learning e de big data para simular cenários futuros, por exemplo, também causados pelas condições climáticas, proporcionando uma alocação maior de entregadores em operação nesses tipos de eventos. Outro benefício destas tecnologias é estimar o tempo de preparação de cada prato a ponto de otimizar cada vez mais o tempo de espera dos entregadores nos restaurantes, deixando-os mais disponíveis para as entregas.


Esse tipo de solução poderia ser utilizada por diversas empresas em diferentes segmentos, evitando as famosas diárias pagas por fazer com que os caminhões gastem muito tempo esperando para ser carregados ou para carregar, sendo um bom exemplo de processo de otimização de transportes.

Além das aplicações de inteligência artificial, no segundo semestre de 2020 a empresa realizou a primeira entrega em Campinas via drone desenvolvido pela brasileira Speedbird, tendo como objetivo diminuir para 2 minutos uma entrega que levaria 12 minutos se entregue exclusivamente por motoboy. Além disso, estão previstos os primeiros testes de entregas por robôs desenvolvidos pela empresa brasileira Synkar.

13. L'Oréal

A multinacional francesa L’Oréal, líder em vendas de cosméticos, já havia definido suas metas de transformação digital em 2013 e tinha como target, chegar em 2020 com 20% das vendas através do comércio eletrônico, além de destinar metade dos investimentos em marketing direcionados à internet. Se esta meta não estava próxima de ser concretizada, certamente a pandemia trouxe a mudança no comportamento dos consumidores que a empresa precisava. A empresa divulgou que no primeiro trimestre deste ano, as vendas por comércio eletrônico cresceram 53% em comparação ao mesmo período do ano anterior, tendo números expressivos em regiões que ainda não havia tanto desenvolvimento digital como América do Sul, África e Oriente Médio. Durante a pandemia, os varejistas começaram a utilizar tecnologia a ModiFace (comprada pela L’Oreal em 2018) para a venda de produtos em que consiste o consumidor realizar provas virtuais dos tons dos produtos em seus cabelos ou rostos, para auxiliar na decisão de compra. A empresa notou que antes da pandemia, consumidores passavam cerca de 2 minutos neste tipo de aplicativo e durante a pandemia, este tempo pulou para 9 minutos. A empresa faz parte desde 2003 do Pacto Global lançado pelo então secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. O Pacto Global é um chamamento para as empresas alinharem suas estratégias e operações a 10 princípios universais nas áreas que abrangem Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção para assim desenvolverem ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade, sendo considerado a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com quase 16 mil membros de 160 países. E foi em 2020 que a filial brasileira lançou suas metas para suportar o Pacto Global e são indicados no Portal L'Oréal que, dentre as diversas ações com foco na preservação da biodiversidade, gestão sustentável da água e economia circular, a empresa cita o compromisso de aumento de 95% dos ingredientes de base biológica em seus produtos e empoderamento do ecossistema de negócios e sua sustentabilidade, além de ampliar internamente e entre seus parceiros as medidas que já reduziram 65% da emissão de CO2 nas plantas e centros de distribuição no Brasil, usando ainda 100% de eletricidade renovável e energia solar, além das metas redução de água e resíduos.


Esse ano mudou o desenho de operações logísticas da empresa, com o crescimento das entregas last mile ocasionados pelo aumento do e-commerce, e também da cadeia de suprimentos, impulsionada pela entrada da empresa no Pacto Global, com direcionamentos quanto ao uso de matéria-prima e gestão de players que fazem parte da cadeia.




14. Magazine Luiza

Um dos maiores varejistas de eletrônicos e móveis brasileiros anunciou duas aquisições focando na logística last mile: a GFL Logística que é uma plataforma digital que atende a mais de 600 municípios e possui 13 áreas de crossdocking e aproximadamente 850 motoristas independentes cadastrados e a SincLog, outra plataforma de tecnologia que auxilia transportadoras na gestão de cargas, emissão de documentos fiscais e averbações, controle das tabelas de frete e remuneração de motoristas, além de fornecer de forma remota e em tempo real as informações sobre qualidade das entregas. Em agosto a empresa começou a mover as peças para trazer a indústria brasileira para o marketplace da empresa comprando a startup HubSales que realiza a operação logística para a indústria de confecções e calçados de Franca, interior de São Paulo, conectando fabricantes a vários marketplaces que operam no Brasil. A estratégia é trazer o modelo para atuar em outras indústrias como o "factory to consumers" aplicado pelo Alibaba, segundo o que disse Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, em matéria publicada pela SBVC - Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.


15. Mercado Livre


O marketplace argentino, Mercado Livre, também antecipou processos digitais que estavam previstos para implementação em alguns anos para frente por causa da pandemia. Luiz Vergueiro, Diretor de Operações de Logística do Mercado Livre, no evento Logística do Futuro realizado pela Revista Mundo Logística, destacou que o tamanho dos pedidos mudaram e regiões que ainda não eram abrangidas acabaram entrando no range de atuação da empresa.

Outra frente que foi antecipada foi a atuação no e-grocery em abril onde o Mercado Livre passou a vender produtos de supermercados na sua plataforma, sendo agora concorrente nesse segmento da Magalu e B2W e também GPA e Carrefour. Conforme a NoVarejo informa, as vendas na plataforma já tinham crescido 55% e aumentado o número de novos clientes em aproximadamente 5 milhões e que os investimentos no Brasil estavam focados principalmente nas operações de logística. Na pandemia, a empresa notou que 20% dos novos compradores fizeram sua primeira compra nas categorias de bens de consumo e alimentos, sendo assim, o projeto de e-grocery que já estava previsto para 2020 teve que ser antecipado.


Esse crescimento nas vendas da empresa geraram investimentos em solução para as entregas incluindo a aquisição de veículos e smart lockers.



16. Natura&Co



Como várias empresas no Brasil, a Natura&Co também teve que acelerar áreas ainda não totalmente digitalizadas dentro da empresa devido à pandemia. Com cerca de 1,8 milhão de consultoras no Brasil e América Latina, lançou o Social Selling e que já estava com 90% das consultoras cadastradas e utilizada por 40% em setembro. Através da rede social WhatsApp, 82% das consultoras conseguem estreitar o relacionamento com seus clientes e 21% realizam vendas.

Luciano Abrantes, CTO e Digital Innovation Latam da Natura, disse que a estratégia emergencial adotada incluiu uma assistente virtual para as consultoras com dificuldades de criação de seu próprio e-commerce e a empresa adiantou a revista digital que já estava em desenvolvimento, tudo isso para que as consultoras fossem minimamente impactadas de forma negativa em suas rendas mensais. A inclusão digital das consultoras acabou gerando mais valor à empresa e impacto positivo no mercado, tanto que as ações se valorizaram ainda mais, e o Social Selling conquistou o prêmio "As 100+ Inovadoras no uso de TI", na categoria Bens de Consumo.


O processo do Social Selling, assim como todas os tipos de vendas digitais, abre um espaço importante para aplicação de algoritmos de inteligência artificial na predição da demanda que pode, posteriormente, ser utilizada para o direcionamento de toda a cadeia de suprimentos.


Além dessa frente de vendas, a Natura agilizou esse ano melhorias em seus processos de omnicanalidade, utilizando as lojas físicas como pontos de retirada de produtos comprados online.





17. Nike


Outra grande marca de roupas e artigos esportivos, a Nike, adquiriu em 2019 a empresa americana Celect especialista em análise preditiva de varejo e detecção de demanda. Desta forma, conforme a Supply Chain Dive, a Nike abriu recentemente um depósito próximo a Los Angeles utilizando a modelagem preditiva para avaliar a demanda do consumidor e ajudar a garantir que o estoque que os clientes desejam esteja disponível para envio entre um ou dois dias, disse o diretor financeiro Matt Friend.


Durante a primeira onda pandêmica nos Estados Unidos, as vendas digitais da empresa aumentaram 82% (conforme o Relatório de Resultados do Q1 da própria Nike30) o que sustenta a ação aumento da venda direta a consumidores e redução dos contratos com atacadistas, já que o primeiro tornou-se mais lucrativo.


Além da eficiência digital, a empresa já havia anunciado a implementação do uso de RFID em todos os produtos como parte da estratégia de eficiência operacional e em 2020 destacou que já cobre 100% dos calçados e 75% das roupas, o que ajudará a maximizar a visibilidade e eficiência do estoque. Matt Friend afirmou que a distribuição direta ao consumidor é o futuro que a empresa vai percorrer e que para isso também está dimensionando a robótica e a automação em suas operações tendo já reduzido tempo médio de ciclo dos pedidos em 50%.


18. Starbucks, PepsiCo, Shopify, DHL e BMW


A Fast Company elaborou uma matéria anunciando um consórcio de empresas e organizações juntamente com o Serviço Postal dos Estados Unidos que alia forças para viabilizarem a digitalização da cadeia de suprimentos juntamente com empresas de tecnologia. Este consórcio recebe o nome de Link que reúne grandes empresas globais (como as destacadas) e startups focadas em resolver os problemas do sistema descentralizado da cadeia de abastecimento.


A dinâmica será realizada através de reuniões de discussões de problemas e busca pelas soluções de metas de vendas, buscando particularidades em que todos os envolvidos possam se beneficiar das aplicabilidades.


Algumas das startups participantes são: a Fabric, que opera centros de micro-atendimento automatizados dedicados a same day deliveries; a Third Wave Automation que utiliza robótica nas empilhadeiras para melhorar a segurança neste tipo de tarefa; a ClearMetal, que desenvolveu uma ferramenta para visibilidade ponta a ponta e rastreamento de frete global para eliminar os atrasos.


19. Via Varejo


A Via Varejo investiu R$ 13 milhões em dois novos Centros de Distribuição (Goiás e Rio de Janeiro), um entreposto (Paraíba) e a ampliação do CD de Cachoeirinha no Rio Grande do Sul. A estratégia é aumentar o nível de serviço das lojas Casas Bahia e Pontofrio, além de gerar maior sinergia das operações entre as empresas do grupo. O vice-presidente de Operações Logísticas da Via Varejo, Marcelo Lopes, disse que "Com as melhorias de logística, estamos diminuindo os tempos de entrega para uma faixa 1 a 3 dias dependendo da região."


Outra medida que a empresa vai colocar em prática são as aberturas de "mini hubs", que nada mais são do que pequenos centros de distribuição, muitas vezes traduzidos como centros de distribuição urbanos. A tendência é que a empresa consiga reduzir consideravelmente o tempo de entrega de uma mercadoria.


20. Zara


A Bloomberg trouxe uma matéria destacando a estratégia de reação rápida da espanhola Inditex SA, empresa que administra a marca de moda Zara, que permitiu a rápida redução do estoque de 19% em plena pandemia na Europa, conseguindo, desta forma, impulsionar os lucros do primeiro semestre. Esta redução se deu devido aos acordos de compra flexíveis que permitem que a empresa se adapte rapidamente às mudanças na demanda. Apesar da queda nas vendas, as ações da empresa subiram até 6,7% em um período de setembro.

Segundo o presidente da empresa, Pablo Isla, há o plano de investir cerca de US$ 3 bilhões em e-commerce, reformas e novas lojas nos próximos três anos. Disse ainda que estuda a possibilidade da empresa operar no futuro com níveis de estoque ainda mais baixo. Na experiência online houve um aumento de 74% nos pedidos aumentando os ânimos da companhia.

Conclusão


Indiscutivelmente a pandemia acelerou as já planejadas transformações digitais de diversas empresas. Analisando os cases mais discutidos do ano vemos muitas ações associadas ao aumento das vendas digitais, tanto de empresas que já eram varejistas quanto das industrias que passaram a buscar realizar entregas diretas ao consumidor.


Nesse contexto, as alternativas para entregas last mile, normalmente mais caras, foram as que ganharam maior destaque incluindo descentralização de CD, criação de mini HUBs, uso de lojas como pontos de estoque e retirada de compras online, criação de drive thru em shopping centers, uso de smart lockers, aquisição de startups especializadas em entrega last mile e uso de veículos autônomos para entrega (robôs e drones). Nessas soluções não somente o custo foi o foco mas também a viabilização de entregas rápidas.


Fora do eixo de entregas last mile, vemos também um destaque para o uso de inteligência artificial para predição de demanda e a digitalização de processos para melhoria no relacionamento entre players da cadeia de suprimentos, incluindo nesse contexto, ações voltadas não só a fidelização dos players da cadeia mas também a ações de impacto ambiental.


Referencias Bibliográficas



8 Investing.com - Azul busca ampliar serviços com drone de entrega, Setembro de 2020

11 Folha de S. Paulo - Shoppings do Brasil vão vender pela Amazon, Maio de 2020

13 Ayden - Carrefour: Transformação Digital também é cultural, Setembro de 2020 14 Cointelegraph - Coca-Cola adota DLT e Ethereum visando maior eficiência da cadeia de suprimentos, Agosto de 2020 ou no Youtube: Cointelegraph - Coca Cola Embraces DLT and Ethereum for Supply Chain Efficiency 15 NeoFeed - O digital é o novo ingrediente da Heineken na guerra das cervejarias, Setembro de 2020. 16 SA Varejo - Rede de hortifrútis cria 'dark stores' para venda online, Julho de 2020 17 Mercado e Consumo - Rede Hortifruti Natural da Terra inaugura loja modelo na zona leste de SP, Julho de 2020 18 Hortifruti Natural da Terra - Relato de Sustentabilidade 2019, edição extra 19 Suno Research - iFood firma acordo de compra com empresa de inteligência artificial, Janeiro de 2020 20 E-Commerce Brasil - iFood faz primeira entrega com drone na fase de testes em Campinas, Setembro de 2020 21 Revista Exame - Como Arezzo e iFood usaram a mesma tecnologia para crescer na pandemia, Setembro de 2020 22 L'Oréal Brasil - L’oréal e a sustentabilidade: grupo anuncia novas metas sustentáveis com o programa ‘LOréal para o Futuro, Junho de 2020.

United Nations Global Compact 24 Mundo Logística - Magalu compra duas empresas de Logística para e-commerce, Outubro de 2020 25 SBVC - Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo - Magazine Luiza compra HubSales e indústria, Agosto de 2020. 26 Logística do Futuro, Setembro de 2020.


Fonte de apoio:

Fashion Network - Nike adquire Celect, empresa de análise preditiva, Agosto de 2019


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